No dia 6 de fevereiro, perante mil convidados, 45 jovens católicos, numa
paróquia de Taubaté fizeram um pesado juramento de fidelidade a Jesus
Cristo, à Igreja e à sua Congregação, os sacerdotes do Sagrado Coração
de Jesus, conhecidos também como dehonianos. Nenhum deles é ingênuo.
Eles sabem o que isto significa. Não poderão dizer que não sabiam o que
estavam dizendo.
O texto do juramento é forte. Prometeram desprendimento e pobreza,
castidade e obediência, e prometeram viver em Cristo, por Cristo e em
Cristo, lembrados da misericórdia do seu coração; pelos outros, no meio
dos outros e para os outros. Segundo a mística dessa congregação de
padres e irmãos, serão pobres, não amontoarão bens, nada terão em seu
próprio nome, partilharão o que possuem.
Por amor à Igreja não terão esposa nem filhos, viverão a serviço das
famílias, e farão de tudo para não amar “somente a Deus”, como reza uma
das canções muito em voga nos templos de hoje. Obedecerão e se colocarão
á disposição da Congregação para, se necessário, ir para a África,
Europa, a China, para algum lugar pobre ou para qualquer posto onde a
Igreja precisar deles. Nada os prenderá a um lugar nem a determinadas
pessoas. Cultivarão amizades, amarão seus parentes, mas seu coração será
desprendido. Nada terão de seu!
Você já deve ter ouvido a expressão: apertar os parafusos. É que
parafusos, com o tempo, afrouxam… É assim a nossa vida. A tendência é
desapertar e afrouxar. Os dehonianos seriam reparadores e agiriam como
nas grandes companhias, que mantêm uma equipe preocupada com os
parafusos. Estes às vezes são milhões. Cuidam para que nada se solte do
conjunto e para que parte alguma da enorme fábrica cause dano aos
trabalhadores. Apertadores de parafusos previnem acidentes: apertam
antes o parafuso se solte.
Firmar o que está afrouxando entres os católicos, impedir que o vaso se
quebre, mas, se quebrar saber o que fazer com ele para que volte a ser
inteiro, eis a idéia da Congregação dos Dehonianos. A reparação é um
processo holístico: une, repara, restaura. Não cuida de apenas um
detalhe. É mística abrangente.
Dehoniano não se prende a apenas um
movimento de Igreja. Serve a todos dentro desse espírito de ajudar a
reparar e restaurar. São restauradores, ao menos por vocação.
Seu modelo é o coração de Jesus que veio direcionar, prevenir contra
rupturas e, caso aconteçam, curar as feridas e reunir outra vez os
pedaços do que um dia foi inteiro. Para isso estudam cerca de 40
matérias no demorado currículo de sua formação. Um dehoniano não ama
somente o Cristo e não serve somente o Cristo. Serve-o nos irmãos. Não
segue a máxima “Eu e meu Jesus”. Sua máxima é “Ir ao Povo” para que
todos possam viver o “Jesus em nós”. “O “meu Jesus” torna-se para ele”
nosso Jesus”.
Num mundo dominado pelo crasso individualismo que tomou conta até mesmo
das igrejas, é um alivio ouvir de 45 jovens em votos perpétuos que eles
entenderam isso: carregarão a própria cruz e as de outros, serão pobres,
castos, obedientes, desprendidos, irão ao povo e trabalharão até à
velhice sem reclamar do peso da cruz. E se as coisas ficarem pesadas e
difíceis não abandonarão o barco em busca de embarcações e portos mais
atraentes. Conseguirão? A graça de Deus ajuda! Foi esta graça que eles
pediram naquela noite!
Pe. Zezinho,scj
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